Introdução
Se quisermos que nossas impressões sejam de extrema qualidade, temos que calibrar cada filamento. Ok, e o que isto significa? Significa que temos que dizer para o fatiador o quanto de material está entrando (diâmetro do filamento), para que a impressão não fique “fraca” devido a falta de material na saída, ou “deformada” pelo excesso dele. Esta calibração não é necessária para os filamentos da Material 3D, porque a gente já envia os perfis pré-configurados.
Volume de extrusão
Para cada fabricante e para cada cor, nós devemos ter uma configuração no software fatiador, e o passo-a-passo abaixo vai guiar você pelos caminhos da calibração da extrusão, mas nada impede de que você crie a sua metodologia e compartilhe conosco nos comentários.
Passo-a-passo
Nesta primeira parte, vamos medir o filamento para conseguir o diâmetro. Na segunda, vamos fazer a prova real no software de fatiamento.
Nós vamos precisar de:
• Um paquímetro digital – ele é mais preciso, mas caso não tenha dá pra quebrar o galho com o baratinho de plástico;
• Uma calibration box – Nada mais do que um cubo solido, no caso 20x20x10mm; • Este perfil do PrusaSlicer – para bicos de 0.4, o mais comum. (Clique em “Salvar destino como” para fazer download) Extraia ele e no PrusaSlicer:
Import> Import Config. (Sem ser o bundle)
• Sua impressora Stella.
Parte I – A teoria
1. Com o paquímetro digital, meça uns 10cm de filamento em intervalos de aprox. 1cm, nas duas direções e anote os valores.
Por “duas direções” queremos dizer:
Vertical – Na direção do enrolamento do carretel
Horizontal – Perpendicular ao enrolamento do carretel
2. Então serão 10 valores para cada direção. Destes 10, o maior e o menor são descartados e tiramos uma média para cada direção.
Exemplo:
Média vertical = 1.65mm
Média horizontal = 1.63mm
3. A esta média vamos chamar de valor nominal.
Haverá um valor nominal para cada direção, a diferença entre as duas é a ovalização do filamento.
No exemplo:
Ovalização = 0.02mm
Conceito: A diferença entre o valor mais baixo da medição e o valor mais alto (já descartados os extremos) damos o nome de variação do filamento, quanto menor a variação e ovalização, mais preciso é o filamento, melhor será a qualidade da impressão.
4. Como saber então o diâmetro do filamento, aquele que a gente coloca no fatiador?
Por experiência (sem matemática), nós aqui colocamos a metade da ovalização.
No mesmo exemplo:
Entre 1.63mm e 1.65mm temos 1.64, então:
Diâmetro do filamento: 1.64mm
Isso geralmente dá certo de primeira e nem precisa ajustar mais nada. Simples né!? Ok, mais ou menos… Vamos à parte 2.
Parte II – A prova real
1. Vamos colocar este valor mágico no PrusaSlicer.
Abra seu PrusaSlicer:
2. Na aba Configuração do Filamento/Filament Settings (1), Selecione o filamento mais próximo (2) (mesma marca, mesmo tipo), insira o valor que calculamos no campo Diâmetro/Diameter (3) e deixe o multiplicador com “1” (4).
3. Clique em Salvar/Save (este disquetinho branco e laranja) e tome muito cuidado nesta hora.
Altere o nome, do contrário irá sobrescrever o filamento antigo.
4. Agora vem a impressão, vamos imprimir o calibration box com o perfil “Calibrar”, que você baixou no link acima. Ou seja:
Fatiar e mandar imprimir
5. Agora é só aguardar e relaxar…
Spoiler: Sim, o cubo sairá oco. Apesar de o modelo ser preenchido, esta configuração foi feita para imprimir apenas as paredes e sem o topo.
6. Quando o cubo oco estiver pronto, mediremos suas paredes. Elas devem ter exatamente 0.4, mas provavelmente não vai bater de primeira;
0.39
Meça do meio para cima da peça e não aperte tanto o paquímetro contra a peça. Do contrário você pode pegar uma primeira camada esmagada ou afundar o instrumento no plástico, tendo assim uma medida irreal.
7. Então agora vamos calcular a diferença entre o valor esperado e o valor encontrado, em em percentual. A conta é essa:
(Valor esperado / Valor encontrado) * Multiplicador de extrusão atual = Fator multiplicador de extrusão
Exemplo:
(0.4 / 0.39) * 1 ~= 1.03 (arredondado)
8. Pegaremos este valor e colocaremos em “Extrusion multiplier” ou “Multiplicador de extrusão”.
9. Salve as alterações;
10. Daí, repetimos os passos de 4 à 9 até que esta parede fique com Diâmetro de 0.4mm;
0.4 ✔
Geralmente a gente consegue calibrar com 3 ou 4 tentativas, mas vale muito a pena.
Calibração de temperatura
Para uma impressão ainda melhor, devemos calibrar a temperatura para cada filamento novo que iremos imprimir.
Utilizamos um arquivo de uma torre, onde a temperatura é alterada a cada degrau, como mostra no próprio arquivo:
A partir disso, basta verificar qual temperatura teve o melhor acabamento superficial, menos teias, melhor acabamento em ângulo e pontes.
Após a escolha da temperatura, basta modificar no perfil do novo filamento.
E pronto! Já imprimimos peças de teste sem este trabalhinho, e ficaram muito inferiores ao que a máquina pode apresentar, então mãos à obra!
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